07/12/2011

RETORNO

Somente depois de ter andado por terras estranhas é que pude reconhecer a beleza de minha morada. A ausência mensura o tamanho local pedido. Evidencia o que antes estava oculto, por força do costume.
Olhei minha mães com se fosse a primeira vez.
Olhei como se voltasse a ser criança pequena a descobrir-lhe as feições tão maternas.
Abri o portão principal como quem abria um cofre que resguardava valores incomensuráveis.
As vozes de todos os dias estavam reinauguradas.
Deitei-me no colo de minha mãe como se quisesse realizar a proeza de ser gerado de novo.
Suas mãos sobre meus cabelos pereciam devolver-me a mim mesmo.
Mãos com poder de sutura existencial...
Era como se o gesto possuísse voz, capaz de me dizer:
Dorme minha filha, porque enquanto você dormir eu lhe farei de novo.
Dorme minha filha, dorme....
 

Pde Fábio de Melo